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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013


Semana passada completei 45 anos. Alguns dias antes do meu aniversário, meu filho, Lucas, de 11 anos, achou uma camiseta velha minha no armário e colocou, para ver quanto falta para ele chegar no meu tamanho (não muito).
A tal da camiseta foi uma lembrança que eu trouxe da Disney na primeira vez que estive lá. Vermelha, no estilo dos colleges americanos, com letras brancas em caixa alta “EPCOT CENTER 1983”.
Olhando para ele com a camiseta, fiz as contas.
“Filho, sabe há quanto tempo comprei esta camiseta?”
“30 anos”.
Não sei quem ficou mais surpreso. Ele, por nem conseguir compreender direito como é possível que o pai tenha uma camiseta que durou 30 anos, ou eu, por não acreditar que já faz 30 anos da tal viagem.
Eis que ele emenda: “Pai, você me dá essa camiseta?”.
Antes que eu pudesse processar o carinho e orgulho que senti pelo seu pedido de querer ter uma camiseta minha que logo, logo poderia usar, ele completa:
“Quero colocar num quadro!”
Como assim?? Quer dizer que, além do susto dos 30 anos que voaram, agora minhas coisas começam a virar memorabilia ou peças de museu??
Fiquei pensando nisso, talvez de forma ainda mais intensa por conta do aniversário, por me sentir oficialmente chegando ao 2º tempo da vida.
O que me levou a refletir sobre nossas escolhas profissionais e pessoais à luz da passagem do tempo.
Vivemos uma rotina de trabalho cada vez mais intensa, em uma sequência crescente e interminável de projetos, reuniões, conference-calls, viagens, entregáveis, avaliações, e-mails, ligações etc. Nem sentimos os dias passarem, as semanas voam como se fossem dias, o ano mal começou e daqui a pouco já é Natal, de novo.
É inegável: o tempo está passando, e rápido.
E o que fazemos com este tempo?
Estamos nos afogando no trabalho, no piloto automático da produtividade e dos objetivos financeiros. Vivemos a eterna expectativa que a próximo aumento, a próxima promoção, o trabalho seguinte, a viagem de férias do meio do ano ou a compra daquela roupa ou gadget que acabaram de lançar nos dêem um pouco de alívio, de recompensa, de significado.
Mas nada disso responde à pergunta sobre o propósito de cada um de nós.
O que queremos construir? O que queremos deixar como legado? Que diferença queremos fazer na vida dos outros, na sociedade? Pelo que queremos ser lembrados quando nos tornarmos apenas lembranças, de fato?
O trabalho é absolutamente transformador: gera crescimento e desenvolvimento, riqueza e patrimônio, reconhecimento e propriedade.
Mas a vida não pode ser só trabalho.
Afinal, ela é passageira. E está passando rápido.
Precisamos acordar para isso e agir. Fazer o que queremos, de verdade. Viver a vida na plenitude que ela merece. Construir uma história de vida, não apenas um projeto corporativo. Criar uma trajetória, deixar uma marca como pessoas, e não somente como profissionais.
Qual a vida que você quer se orgulhar de ter vivido daqui a 15 anos? O que você está fazendo para navegar nesta direção?
O que gostaria de fazer com sua vida? Sua carreira está no caminho certo? O equilíbrio entre sua vida pessoal e profissional é adequado?
Seu propósito de fazer algo maior está sendo honrado? Você está vivendo à altura do seu potencial de realização e legado?
Antes que sejamos apenas fotos, personagens de histórias, lembranças da família ou que nossas peças de roupa se tornem realmente artigos de museu (ainda que familiares), pensemos nisso.
Afinal, a camiseta de 2013 vai, logo, logo, ser motivo de reflexão, diálogo e aprendizado.
2043 não está tão distante quanto parece.
A maioria dos homens vive vidas de desespero calado e vai para o túmulo com a música ainda dentro de si. (Henry David Thoreau)

Epcot center

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